MAIS QUE PRAZER,
COMER É ALIMENTAR A ALMA.
Preparar alimentos ou restringir alguns é mais do que alimentar o corpo, é manter a vida.
O alimento sempre esteve entre as religiões.
Vale lembrar que o pão e o vinho representam a cerimônia mais sagrada do cristianismo, sendo o Cristo representado pelo pão na “hóstia sagrada”.
No cristianismo, em diversas passagens bíblicas tivemos os alimentos presentes, o milagre dos pães e peixe, o milagre do vinho durante um casamento, o maná, o pão que veio do céu, a água e a farinha para fazer o pão.
O alimento que representa o milagre, a fé, a oferenda, o agradecimento, faz parte de muitas crenças e culturas. A restrição de alguns itens que consideramos normais no nosso dia a dia, também alimentam a alma, no sentido de purificação.
Os Hindus restringem a carne, pois acreditam que uma alimentação mais naturalista é sinal de respeito aos animais.
Os muçulmanos além do jejum de 30 dias, para purificar a alma, conhecido como "ramandan", restringem o consumo de porco, mas comem, por exemplo, o carneiro, que em nossa cultura não é habitual.
No judaísmo o porco também tem restrições e os outros animais só são consumidos se o sangue for retirado antes do preparo. O abate merece destaque aqui, o mesmo não pode produzir sofrimento ao animal, para que não produza “stress” a quem consumir.
Para os monges budistas, cuja comida tem a função de integrar os monges à comunidade local, todos os dias seguem às ruas para receber alimentos da comunidade, por meio de doações, ou seja, a Ronda das Almas, ao voltar ao mosteiro compartilham o alimento. Comer é um ato de comunhão.
No Brasil, além do catolicismo que recomenda abstinência de carne durante a quaresma, produzindo criatividade no preparo de peixes, temos as religiões de origem afro, como Umbanda e Candomblé, que possuem uma tratativa diferenciada para os alimentos.
Para os praticantes da Umbanda e Candomblé, os alimentos são oferecidos aos orixás, como forma de fortalecimento, pedidos e agradecimentos, tendo variações entre a Umbanda, que oferece aos orixás frutas e grãos de arroz e o Candomblé que oferta diferente tipos de carnes.
Vários alimentos devem ser evitados, pois são consideradas contrariedades a cada orixá, podendo criar desarmonia espiritual ao filho, como Ogum que não gosta de quiabo, Oxóssi não aceita mel de abelha e Iansã que não permite consumir abóbora dentro de casa.
No Sul do Brasil a religião também de origem africana, o Batuque, cujos adeptos são afrodescendentes, mistura comidas de várias descendências. Eles cultuam os orixás da África Ocidental, cujo contato, invocação se dá pelos tambores e preparo de alimentos.
A culinária ritual do batuque incorporou receitas dos povos do sul, como dos indígenas, adotando o churrasco como alimento do orixá Ogum, a polenta italiana dos descendentes italianos, como o alimento da deusa Oxum, entre outras.
A comida, sua forma de preparo e a abstinência está intrinsecamente ligada a religiosidade, a conexão com o alto, fazendo parte das tradições em suas diversas formas.
Seja qual for a sua prática, agradeça aos seres superiores o alimento à mesa, GRATIDÃO CABE EM QUALQUER CORRENTE RELIGIOSA.